sábado, 29 de dezembro de 2012

DESENVOLVENDO PERSONAGENS


Como prometido, vou listar abaixa alguns dos principais personagens históricos que aparecem no livro Foices & Facões - A Batalha do Jenipapo:

DOM JOÃO VI – Desajeitado e extremamente religioso. Mesmo não aparentando, o Rei de Portugal é centrado e estrategista. Tem uma boa visão dos perigos que corre sua família e seu reino.

 Usei bastante imagens de Debret como referência para que Caio criasse o visual desses personagens. 


DOM PEDRO I – Jovem, alto e forte é aventureiro e indeciso. O Príncipe regente e futuro imperador do Brasil revela-se angustiado diante das dúvidas e decisões que a história lhe apresenta.



DA CUNHA FIDIÉ – Homem, 30 anos, forte, fiel e disciplinado ao seu rei, Dom João VI. Major de larga experiência militar (Fidié lutou contra o exército de Napoleão durante a reestruturação da nação portuguesa), se torna o Governador das Armas da província do Piauí.



Não nego: gostei muito do Fidié. Quando li seu livro Vária Fortuna de um Soldado Português tive a impressão de que se tratava de um homem muito justo e fiel à coroa portuguesa. Entretanto, não havia uma biografia mais completa ou informações específicas sobre aspectos característicos de seu comportamento. Tive de criar, e fiz dele um personagem que passa longe de ser o "vilão" dessa história.

A única foto que usei de referência é uma imagem dele no final de sua carreira militar, em Portugal, provavelmente uns 20 anos após a Batalha.

SIMPLÍCIO DIAS – Homem, 28 anos, bonito e rico. Espirituoso e comerciante, enxerga largas vantagens na independência. Natural da Vila de São João da Parnaíba. Dono de várias fazendas, maior produtor de carne de gado do Piauí, além de possuir navios que viajavam para a Europa. Simplício é o maior incentivador e patrocinador da causa separatista. Homem culto, tinha, entre seus escravos, uma banda musical.



JOÃO CÂNDIDO – Homem, 30 anos, alto. Juiz de Fora e braço direito de Simplício Dias é um homem franzino, mas corajoso. Defende os ideais separatistas, é sonhador e impaciente.



LEONARDO DAS DORES CASTELO BRANCO – Jovem, 25 anos, bonito, apaixonado e de espírito impulsivo à favor causa separatista. Leonardo é parnaibano, um homem culto, das letras e das ciências, engaja-se profundamente, sendo patrocinado por Simplício Dias para realizar suas campanhas militares, quando preciso.



MANOEL DE SOUSA MARTINS – Homem, 27 anos, forte e alto. De origem humilde, cresceu a partir do trabalho na fazenda de sua família, adquirindo também posição de destaque na política da capital do Piauí, Oeiras. Homem de modos rudes, Manoel é muito ambicioso, pretende ser governador do Piauí, mas sua discrição quanto a isso é sua maior arma.



CAPITÃO RODRIGUES CHAVES – Homem alto, forte e barbudo. 30 anos. Soldado cearense trazido ao Piauí através da campanha militar de Leonardo. Rodrigues Chaves é um soldado treinado e comanda homens com punho de ferro. Tem na lábia e no discurso sua principal ferramenta.


Não encontrei nenhuma imagem do Capitão Rodrigues Chaves ou do Tenente Alecrim. São desses personagens esquecidos pela história. Como eu vi muito a peça teatral  produzida pelo governo, o rosto que serviu de alguma referência foi a do ator que interpretava-o (obs: esqueci o nome do ator). 

TENENTE ALECRIM – Homem, 25 anos, baixo e forte. Segundo em comando nos regimentos cearenses que entraram no Piauí, Alecrim é impetuoso e não gosta de recuar diante do perigo, ao ponto de dividir o comando dos homens com seu superior, Rodrigues Chaves.

Alecrim no quadrinhos, auto retrato e foto do Caio.

Alecrim não tinha referência. Meu irmão Caio criou o visual do jeito que quis. Ele pode até negar, mas ainda hoje acho que ele se usou como modelo pra fazer isso.

VICENTE BEZERRA – Homem, 30 anos, magro, esguio, orgulhoso, oportunista e cínico. Furriel da 1ª Companhia de Campo Maior. Vicente Bezerra enxerga na turbulência da guerra que se aproxima as chances de subir na vida e se tornar Capitão. Para que isso se torne verdade, mentir, assaltar e matar não são limites.

 Vicente é o personagem que mais tem cara de vilão no quadrinho. Fiz esse desenho criando um visual que serviu de modelo pro Caio porque também não existiam referências visuais para ele.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

CRIANDO E DESENVOLVENDO PERSONAGENS

Quem já leu meu livro Foices & Facões (F&F) deve ter percebido que muitos personagens são fictícios, outros não. Decidi optar por personagens fictícios no centro da narrativa da "Batalha" para ter mais liberdade criativa. 

Neste e no próximo post, listarei alguns dos personagens mais relevantes do livro, com uma pequena descrição ou curiosidade sobre cada um.

TEOBALDO – 40 anos, alto, forte e de modos grosseiros. Vaqueiro da Vila de Campo Maior. De poucas palavras, pouca educação, mas justo. Responsável pela sua família e por gerir a Fazenda Carnaúbas, cuidando de pequenas criações de gado e plantações.

Primeiro desenho que Caio Oliveira fez de Teobaldo. Arte final minha.

Teobaldo é um dos protagonistas e foi o primeiro que visualizei. Alguns anos antes de cogitar fazer F&F, criei um personagem chamado Corisco. Rabisquei algumas tirinhas sobre ele: um super herói nordestino que era uma mistura de Shazam com Thor. Esse visual de vaqueiro me parece bastante forte, por isso, mantive ele em mente.

Corisco, personagem que inspirou Teobaldo. Desenho meu, provavelmente de 2006.

Mas um rosto foi muito decisivo pra mim quando transformei o "Corisco" em "Teobaldo": o de Lance Henriksen, mas conhecido como o android do filme "Alien" ou o agente Frank Black, da série "Millennium". Ele é mais velho que o Teobaldo, mas o rosto que eu queria era esse, como se talhado a faca.

Lance Henriksen, dono do rosto que foi inspiração para Teobaldo

O nome Teobaldo me foi sugerido pelo Caio, que teria tirado de Grande Serão Veredas (ele jura que já leu esse livro). O fato é que eu gostei, pois de alguma forma, somente na minha cabeça, parecia uma derivação de "Ataliba O Vaqueiro", personagem do livro de Gil Castelo Branco, marco na literatura piauiense. Aliás, esse, um livro que li tanto quanto meu irmão leu Guimarães Rosa.


ZEZÉ – Garoto, 16 anos, franzino e curioso. Sobrinho de Teobaldo. Ajuda o tio nos afazeres da fazenda Carnaúbas. Recebe com entusiasmo a notícia da possibilidade de uma guerra e de participar dela, mudando radicalmente o cotidiano de sua vida brejeira.

Zezé foi bastante modificado, desde sua concepção inicial. Decidimos tirar o chapéu de palha por um de couro e tirar os cabelos lisos por encaracolados. 

Gosto muito do Zezé. De certa forma, é quem mais se modifica ao final da história, como se tudo o que acontece fosse para que de lá, tirasse uma lição.


JOANA – Garota, 17 anos, tímida, retraída, de olhar distante e ausente. Irmã de Zezé, é quem ajuda nos afazerem domésticos. Religiosa e esperançosa de que a guerra não aconteça, mas possui uma certeza fúnebre de que ela cairá com forte drama sobre a casa onde vive. Joana se apaixona por Luis.

Joana não teve esboço. Seu visual surgiu como uma variação mais nova de Dolores, sua mãe. Posso revelar que minha maior inspiração para essa personagem foi minha namorada, Natália.

DOLORES – Mulher, 38 anos, alta e magra. Irmã de Teobaldo. Viúva que educou os dois filhos (Joana e Zezé) com a morbidez que a morte do marido lhe atribuiu. É o espírito vivo que assombra a casa. Fria e de poucas expressões, poucos percebem que recebe com contida alegria a confirmação de uma guerra eminente.




JANUÁRIO – Homem, 45 anos, corpulento e roliço. Fazendeiro português, dono da fazenda Carnaúbas e patrão de todos os moradores de lá. Nervoso e fofoqueiro, defende os interesses coloniais lusitanos.


O nome Januário veio do pai do músico Luiz Gonzaga. Não sou bom de criar nomes e, o primeiro que me parece adequado eu coloco. Januário acaba sendo o "alívio cômico" do livro, mas acredito não ter caído no clichê das "piadas de português".

CELINA – Mulher, 30 anos, magra, alta e atraente. Casada com Januário. É uma muito religiosa e de personalidade forte, crítica e que mantém suas dúvidas e opiniões mesmo sob o julgo e a sombra do marido e da Igreja, que defendiam a política colonial lusitana.

Celina aparece pouco, mas gosto dela também e, se um dia eu escrever uma história que se passe antes da Batalha com esses personagens, ela terá grande participação.

AUGUSTO – Criança, 10 anos, baixo e gordo. Curioso, mas silencioso. Filho de Januário e Celina.




ESPERANÇA – Criança, 11 anos, alta e magra. Disciplinada e atenta aos fatos que acontecem em seu redor. Filha de Januário e Celina, irmã de Augusto.

LUÍS – Jovem de 20 anos, alto, forte e loiro, de espírito aventureiro e romântico. Batedor do exército imperial, natural de Lisboa. Prefere a paz, mas está disposto a guerrear se for necessário para defender as ordens que receber. É o soldado de maior confiança de Fidié. Luis se apaixona por Joana.

Esboço, referência e desenho de Caio para Luis.

Luis foi engraçado: Eu fiz um esboço e tinha na minha cabeça que ele tinha de parecer um desses meninos que fazem sucesso em Malhação. Como não sou um grande conhecedor desse tipo de referência, o primeiro rosto que me veio à memória, que parecia ter o biotipo europeu adequado ao personagem, foi o cantor Felipe Dylon. Caio pegou a ideia e fez direitinho.

CARLOS – Jovem, 22 anos, forte, alto. Ex-escravo que trabalha agora como estafeta (cavaleiro que faziam o antigo serviço de correios entre uma vila a outra em curto espaço de tempo), levando cartas e ofícios. Amigo de Zezé e de sua família. Se mantém distante das questões políticas, apesar de estar sempre bem informado.


Carlos tem uma coisa especial: de alguma forma, é uma homenagem a um amigo de infância que não vejo mais, Carlos Eduardo, o "Carlim", que era meu vizinho quando ainda morava em Piripiri. Carlos também tem um papel importante no livro, pois é ele quem carrega e costura as notícias entre a capital Oeiras e a fazenda Carnaúbas, onde a maioria desses personagens vivem. Assim, Carlos é quase um narrador, um historiador, e me identifico muito com ele.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Começando a escrever o roteiro

Por volta de outubro de 2008, com tudo pronto e assinado, eu poderia começar a trabalhar no roteiro do meu quadrinho sobre a Batalha do Jenipapo.

Queria o foco principal da história em personagens fictícios de Campo Maior, então as coisas deveriam girar em torno disso, mas seria preciso leitura para desenvolver o roteiro. Sempre quis fazer algo didático e emocionante, mas com embasamento histórico. Acredito que minha formação em história pela UESPI foi fundamental.


Diante disso, comecei a procurar uma bibliografia: que incluía desde um cordel de Pedro Costa sobre o causo, textos do Abdias Neves até o livro escrito pelo próprio Major Fidié, no século XIX (obs: depois cito a bibliografia completa utilizada). Fui fazendo fichamento da leitura e, à medida que as ideias iam surgindo, escrevendo pequenas cenas. Foram cerca de 100 páginas (A5) escritas à mão apenas com anotações para embasar o roteiro.



Capa do livro de anotações: antes o projeto se chamava "13", como disse no último post.

Foi um processo muito prazeroso e não consigo lembrar de ficar "travado" em algum momento. Na verdade, foi também um processo relativamente lento. Demorei seis meses escrevendo o roteiro à medida que ia fazendo as leituras, me informando e criando cenas cronologicamente bagunçadas, que depois fui montando como um quebra cabeças.

Fichamento do livro Obras Completas, de Monsenhor Chaves.

Em minha primeira proposta o roteiro se desenvolveria apenas em Campo Maior, só depois acrescentei as cenas nas outras cidades, depois de Chagas Vale (diretor da FUNDAC) pediu que eu arrumasse isso, por que poderia ser um problema com relação a Parnaíba e Oeiras. Ainda bem... A história ficou bem melhor desse modo.

Cena que escrevi à mão, no caderno de anotações.

Prometo colocar pra vocês, depois, um pdf todo editado, como se fosse um livro, com o texto original que escrevi e que meu irmão, Caio Oliveira, praticamente teve de adaptar. Eu chamo-o de roteiro-romanceado. 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

E faltava um título...

Lembro-me que o primeiro roteiro que escrevi para o quadrinho da Batalha do Jenipapo chamava-se apenas "13". Acreditem: não era uma alusão ao Partido dos Trabalhadores, do qual fazia parte o então governador Wellington Dias. Eu gostava da simplicidade numérica que era uma referência ao dia 13 de março de 1823, quando aconteceu a luta pela nossa independência na Vila de Campo Maior.

Em meus planos, havia traçado a ideia de escrever essa HQ se passando apenas na Vila de Campo Maior, por isso focar no 13. Mas o diretor da FUNDAC, Chagas Vale, em uma das poucas interferências no meu processo criativo, disse que eu precisaria incluir as outras vilas importantes no processo das lutas separatistas piauienses, ou seja: incluir Parnaíba e Oeiras. Por isso, o "13" no título estava descartado. Precisava de um novo título, mais amplo.

Felizmente, um ou dois anos antes, eu havia escrito uma letra chamada Réquiem aos Heróis sobre a Batalha do Jenipapo e entregue para amigos musicarem (obrigado Epifânio e Chico). Essa música pode ser escutada aqui. Meu irmão, Isaac Bruno, que conhecia esse texto, sugeriu que eu retirasse o novo título dos primeiros versos. Gostei. Ficou Foices & Facões.




Réquiem aos Heróis
(Bernardo Aurélio)

As tropas marcham a céu aberto
Com sede de matar
Espingardas e canhões
Contra FOICES E FACÕES.

As tropas marcham ao redor,
Com sede de calar
Tortura e prisão
Contra liberdade e paixão

Campos abertos, desertos
Preparado para a guerra
Campos maiores, cobertos
De sangue e corpos com terra.

Quem vence a luta
Na batalha pela liberdade?
Quem vence a justa
Nas duas pontas da verdade?

Quem irá contar os mortos
No final da batalha?
Quantos sairão vitoriosos
No final da campanha?

Nós lutamos guiados por ideais,
De homens que sabem o que querem
E morremos sem saber os motivos reais
Daqueles que fatalmente nos ferem.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Projeto aprovado, mas faltava um CNPJ



O projeto de criar uma história em quadrinhos da Batalha do Jenipapo foi imediatamente aprovado pelo Governador Wellington Dias.

Foi encaminhado para a Fundação cultural do Piauí - FUNDAC com um belíssimo "cumpra-se" escrito à mão pelo governador e com alguma indicação para conseguir verbas, através do Detran.

Os tramites burocráticos foram iniciados. Entretanto, havia um problema: isso deveria ser em abril de 2008 e o Núcleo de Quadrinhos (NQ) não tinha ainda um CNPJ, ou seja, apesar de realizar eventos desde 1999, o NQ não tinha representatividade formalizada e não poderia assinar um contrato para receber os recursos que viriam do Estado para patrocinar o livro. Por isso, precisamos pedir ajuda a Jimmy Charles, então presidente do Grupo APICE, que já conhecia há algum tempo. Jimmy assinou a papelada como se o grupo APICE fosse o produtor do livro e repassou toda a grana (ressalvando uma pequena taxa administrativa) para mim/NQ.

É claro que essa grana não caiu imediatamente em nossa conta. Demorou até que o contrato fosse assinado, e o recurso só estaria disponível em dezembro de 2008, até lá eu já havia começado a desenhar o livro junto com meu irmão, Caio... Mas calma aí! Até dezembro de 2008 muita coisa ainda aconteceu.

sábado, 10 de novembro de 2012

E surge um projeto


Como já disse antes, gostei de estudar a Batalha do Jenipapo durante a licenciatura em História que cursei na UESPI. Depois, fui trabalhar na Fundação Cultural do Piauí - FUNDAC e conheci a encenação que o Estado organizava, dramatizando os fatos. Com o tempo, fui percebendo a importância que os acontecimentos do 13 de março foram tomando dentro do governo Wellington Dias. Cada vez mais a encenação que acontecia no Monumento do Jenipapo ganhava recursos, investimentos no figurino, regravações de áudios, cobertura da imprensa, exibição ao vivo pela TV e shows musicais, com direito a barraquinhas de comidas típicas e cervejinha, transformando uma solenidade predominantemente militar, numa festa civil.




E a encenação passou a acontecer também em Oeiras (24 de janeiro), Parnaíba (19 de outubro) e mesmo em Teresina, por ocasião do 7 de setembro.

Daí veio o 13 de março ser bordado em nossa bandeira, como já expliquei antes nesse blog.



Obs: esse desenho tá muito ruim

Acho que por tudo isso, logo após as festividades comemorativas da batalha em Campo Maior, em 2008, comecei a fazer um projeto para fazer um quadrinho da Batalha. Em minha cabeça, era algo impossível de negar diante do atual interesse do governo pela coisa.

Infelizmente não achei aqui nas minhas coisas uma cópia do projeto que devo ter encaminhado ainda em abril daquele ano diretamente ao governador, no Karnac, e para a presidente da FUNDAC, Sonia Terra.

Não achei o projeto, mas encontrei as imagens que fiz para ilustrá-lo. São essas que podem ser vistas aqui. Podem ver que usei uma foto que fiz em 2005 como referência para criar uma das ilustrações.




Encaminhei o projeto e cruzei os dedos.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Bordaram o 13 de março.


Eu trabalhava na FUNDAC, entre 2005 e 2007, quando surgiu uma questão curiosa. Foi sugerido, por um projeto de lei na Assembléia Legislativa, que a data "13 de março de 1823" fosse bordada na nossa bandeira. Trata-se de uma questão delicada porque no Piauí temos três datas importantes no processo de independência do Brasil: o 19 de outubro, que foi a adesão de Parnaíba à independência, motivo pelo qual se é comemorado dia do Piauí; o 24 de janeiro, que foi a adesão de Oeiras ao movimento e o 13 de março, que foi a data da batalha do jenipapo. 

Percebam que há uma certa tensão política aqui. São três datas e três cidades. Isso mexe com o brio dos envolvidos. Aceitar o 13 de março em nossa bandeira pode ser entendido como a valorização do feito de Campo Maior, durante a batalha, em detrimento às datas comemorativas de Parnaíba e Oeiras. 

Lembro-me que, como também se tratava de uma questão cultural, o governador Wellington Dias encaminhou o projeto de lei que estava em suas mãos, no Palácio do Karnac, só aguardando sua assinatura, para a FUNDAC, que o repassou ao Conselho de Cultura do Estado. Lá, foi decidido que o governador deveria assinar o projeto de lei. Com o aval do Conselho, assim foi feito.

Isso ficou na minha memória, ao mesmo tempo em que a cada ano que passava, o governador investia um pouco mais, em Campo Maior, no teor cívico das festividades da data, que agora estava em nossa bandeira.


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

E conheci a Batalha...


 Monumento do Jenipapo em Campo Maior, Fotos: Bernardo Aurélio


Quando saí da Universidade Estadual do Piauí - UESPI, concluindo meu trabalho de conclusão de curso em 2005, tive a oportunidade de ir trabalhar na Fundação Cultural do Piauí - FUNDAC. Ocupei o cargo de Coordenador de Artes, que é uma função muito importante dentro daquele órgão, pois fiquei encarregado de muitas pastas, incluindo artes plásticas, visuais e cênicas.


Layane Holanda e Bid Lima, na encenação de 2005. Não lembro o nome do ator que fez o soldado

Um dos primeiros trabalhos no qual participei, caí meio de paraquedas no meio do processo, foi a encenação da peça "Batalha do Jenipapo", escrita por Aci Campelo e dirigida por Arimatan Martins. Lembro-me que fiquei excitado com alguns diálogos. Gostava, particularmente, das falas do Leonardo Castelo Branco: "Que vos prende os passos? Que vos cala a língua?", ele bradava algo assim...



Participei dos ensaios e ajudei no mínimo possível. Não sabia ainda o que fazer, nem como fazer. Fui a uma reunião na Sala Torquato Neto junto com o diretor de ação cultural Chagas Vale, que era meu patrão e ele disse algo assim pra mim: "Agora é sua prova de fogo na FUNDAC. Reunião com todo o elenco principal da peça." Foi muita gritaria, mas divertido.



Fiz algumas fotos da encenação. São essas que estão ilustrando esse post.

Até a próxima!

Bernardo Aurélio.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Primeiro rabisco

Esse foi o primeiro rabisco que fiz sobre uma possível história em quadrinhos da Batalha do Jenipapo. Infelizmente, travei nessa primeira página.

Não tem data, mas lembro-me que fiz depois de ler textos do Monsenhor Chaves sobre esses episódios da nossa história, enquanto cursava a universidade, então deve ser um desenho de 2002 que, misteriosamente, guardo até hoje...

Mera curiosidade que compartilho que vocês. 

Como disse no post passado, depois saí da UESPI e fui trabalhar na FUNDAC e lá tive outras experiências que me levaram a elaborar um projeto de livro. Mas isso fica pra próxima publicação... Até!

domingo, 28 de outubro de 2012

Como "tudo" começou?


Acho complicado em história dizer "tudo começou quando...". Por que as coisas fazem parte de um processo que levam a outros processos. Então, o melhor que posso dizer é que vários fatores do processo me fizeram escolher o curso de licenciatura plena em história, na Universidade Estadual do Piauí.

Dentro dessa universidade, tive uma ou duas disciplinas de história do Piauí. Lembro-me que achei muito pouco conteúdo dentro do curso sobre a nossa história. Foram praticamente dois assuntos: pré-história do piauí e participação do Piauí na independência do Brasil.

Lembro-me que estudamos os textos do Monsenhor Chaves. Foram estes textos os primeiros que me colocaram diante de uma narrativa incrível e bem detalhada do que teria sido a batalha. Lembro-me de considerar a descrição do Monsenhor quase "fotográfica". Fiquei muito surpreso ao descobrir sobre a marcha desses homens, os soldados de Fidié, que percorreram à pé mais de 600km, de Oeiras até Parnaíba...

Acho que naquela época, 2001 ou 2002, fiz uns rabiscos numa folha de papel A4 dobrada ao meio de uma hq sobre a batalha... Mas não passou disso: apenas uma sementinha mal plantada.

Depois disso saí da UESPI e fui trabalhar na Fundação Cultural do Piauí. Bom, a continuação dessa história fica pra outro post.

Até!

Bernardo Aurélio

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Reinício

Senhores,

A Batalha do Jenipapo foi um acontecimento importantíssimo para a história do Piauí no processo de independência do Brasil.

Dediquei um ano da minha vida, junto com meu irmão Caio Oliveira, produzindo uma história em quadrinhos chamada "Foices & Facões - A Batalha do Jenipapo".

Ela foi lançada, com o apoio do Governo do Estado, em 2009, durante a 10ª Feira HQ.

Por conta desse livro, concorri ao maior prêmio do quadrinho brasileiro, o HQ Mix, na categoria de roteirista estreante.

Foram feitas cerca de 2300 (duas mil e trezentas) unidades do livro, que hoje está esgotado.

Nem mesmo eu, o autor, tenho mais exemplares à venda.

O objetivo desse blog é contar a história da produção desse livro tão importante em minha vida e rememorar a importância dessa luta, que em 2013 completará 190 anos.

Buscamos também apoio para uma nova impressão do livro e contamos com a ajuda de todos que possam contribuir com esse objetivo.

Uma maneira fácil de qualquer um ajudar, é clicando nos anúncios que aparecem nesse blog. Cada clic nos anúncios é uma pequena contribuição. Num futuro breve, farei um projeto no Catarse para arrecadar doações para reimpressão do livro.

Aguardem novas postagens.